Esportes de ação nas Olimpíadas: como tudo começou e onde estamos agora

As Olimpíadas de Tóquio já estão sendo inovadoras por mais de um motivo. Além dos desafios óbvios de montar os jogos durante uma pandemia, a edição de 2021 ainda traz uma série de novos esportes competindo pela nossa atenção. E, convenhamos, tá difícil desgrudar da TV, mesmo que as etapas vão madrugada adentro, né? Além do beisebol/ softball que foi reintroduzido após 12 anos fora da disputa, o caratê e basquete 3×3, quatro outras modalidades de ação chegaram para ficar: surfe, skate, escalada esportiva e BMX freestyle.


De acordo com o Comitê Olímpico Internacional, o COI, a inclusão desses novos esportes é a “evolução mais abrangente do programa olímpico da história moderna”. Traduzindo para a nossa língua e tornando mais claro o motivo pelo qual decidiram colocar os novos eventos: a ideia foi tornar os Jogos mais atraentes para os espectadores mais jovens! Simples assim. Acho que tá funcionando, né? A final do skate street feminino com a prata da nossa Fadinha que o diga! Auge de audiência em todo o país em plena madrugada! E o ouro do Ítalo no surfe então? Haja coração, como diria um comentarista famosíssimo.

Embora as Olimpíadas sejam consideradas o espetáculo esportivo mais assistido do mundo, o número de jovens espectadores vem diminuindo há décadas. A idade média da audiência da TV americana para os Jogos do Rio de 2016 foi de 53 anos, por exemplo. Ciente disso, o COI tentou atrair o público mais novo incorporando novos esportes de ação nos programas olímpicos de verão (windsurfe, mountain bike, corrida de BMX) e de inverno (esqui cross, big air).

Novidades nos Jogos Olímpicos

A chegada do presidente do COI, Thomas Bach, em 2013, e a introdução da política da Agenda 2020 aceleraram o processo de modernização. Em 2015, o COI trabalhou com o Comitê Organizador de Tóquio para selecionar cinco novos esportes para possível inclusão nos Jogos de 2020 (que, como a gente já sabe, só tão rolando agora, em 2021). No fim, todos os cinco (caratê, beisebol, surfe, skate e escalada esportiva) foram confirmados para Tóquio, para a nossa alegria!!!

 

Essa pressão para atrair fãs mais jovens teve um efeito de arrastamento, com outras entidades esportivas querendo trazer novos eventos para o rebanho. A batalha atual sobre a possível inclusão olímpica do parkour é um exemplo. Imagina que louco! A iniciativa abriu portas que antes nem imaginavam que podiam existir. Skate street para o mundo todo ver? Oi? O esporte já foi tão marginalizado, que chegou a ser proibido em São Paulo, na década de 90. Que passo gigante a gente deu!

O progresso veio!

Com a economia dos esportes de ação estagnando, muitos da indústria apoiaram ativamente a inclusão olímpica. Mas a herança contracultural de muitos desses esportes causou tensões mundo afora.

Muitos participantes os veem nostalgicamente como estilos de vida alternativos, em vez de esportes convencionais. Os sistemas de valores associados que eles celebram, como auto expressão, criatividade e diversão, são frequentemente considerados em desacordo com os traços olímpicos disciplinar, hierárquico e nacionalista. Alguém avisa que a dancinha da Rayssa Leal entre uma volta e outra, a comemoração do peruano Angelo Caro Narvaez com a vitória do brasileiro Kelvin no skate, a vibração corporal histérica do treinador australiano Dean Roxall com a vitória de sua pupila da natação, os stories do Douglas Souza do vôlei, é o que a gente quer ver?

Enfim, devido a preocupação com a perda de tamanha autonomia, espontaneidade e controle de seus esportes, as propostas iniciais de incluir surfe, skate e escalada esportiva em Tóquio foram fortemente contestadas por muitos dentro das culturas mais amplas do esporte de ação. Muitos enxergaram a inclusão dos eventos nos Jogos como mais uma manobra de fazer dinheiro, parte de um processo mais longo de “venda externa”, com poucos benefícios para seus esportes. Ora ora ora, parece que se enganaram, não é mesmo?

Vitrine para atletas femininas

A inclusão de novas modalidades também ajudou as Olimpíadas de Tóquio a se aproximarem das metas de igualdade de gênero do COI, com atletas femininas representando 49% de todos os participantes do evento. Para as mulheres nos esportes radicais,os Jogos estão criando mais oportunidades para atletas e líderes em atividades há muito dominadas pelos homens.

Os talentos fenomenais de atletas femininas apresentados em Tóquio já escancaram a dinâmica de gênero mudando nestas Olimpíadas. E esse, a gente espera que seja só o começo!

Cenário olímpico em mudança permanente

Sem espectadores devido à pandemia, Tóquio não está sendo e nem será o festival urbano idealizado antes do covid-19, como em outras edições, com música ao vivo, arte e uma vibração voltada para os jovens em todo canto do país. Porém, os esportes de ação centrais para esse conceito não estão indo embora. Paris em 2024 verá a adição do kiteboarding e do break, parte de uma tendência que deve continuar nos Jogos de Los Angeles, em 2028.

As ideias tradicionais sobre quais esportes são legítimos ou não também vão mudar nos próximos anos, à medida que o COI fizer sua reivindicação em um mercado de esportes e lazer cada vez mais competitivo.

Com a sobrevivência dos Jogos tão dependente de telespectadores e patrocínios, o comitê só lutará para se manter relevante para as próximas gerações de fãs olímpicos. Bom, a gente não sabe vocês, mas a nossa audiência é garantida se o evento continuar assim! Tá lindo demais ver tantas mulheres em destaque, tamanha cumplicidade entre atletas, compatriotas ou não, mais espontaneidade e menos robotização e, enfim, muito esporte de ação, sim.

Entre tantos desafios que a gente vem vivendo, o esporte chega para lembrar porque ele existe: para derrubar muros, sair de caixinhas e, enfim, para salvar vidas! Vamos pra cima, Brasil!!!

#IntoTheOutdoors

Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br

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