Há quem diga que o Halloween é um data comercial e, ainda por cima, gringa. Mas, cá entre nós… quem resiste e uma festa a fantasia e com o tema de terror? Tá louco, a gente acha o máximo! Tá liberado comprar docinho e fazer a alegria da criançada também, viu? Outra coisa que também tá liberada é viver aventuras em destinos considerados, vamos dizer, macabros. Por que não?
Antes de listar alguns destes lugares, a Project, que também é cultura, vem explicar de onde raios saiu essa data, conhecida como o Dia das Bruxas no Brasil, e porque ela ficou tão popular. Pois bem, o Halloween tem suas raízes no Reino Unido, diferente do que muita gente pensa, e tem o nome derivado de “All Hallows’ Eve”. “Hallow” é um termo antigo para “santo” e “eve” é o mesmo que véspera. O termo era referente, até o século 16, a noite anterior ao Dia de Todos os Santos, celebrado no dia 1º de novembro.
A celebração para a data nem sempre foi como é hoje. Voltando no tempo, no século 18, para sermos bem exatos, diziam os historiadores que a ideia do rolê todo era celebrar a abundância de comida após a época de colheita e, para isso, os povos se reuniam em torno de grandes fogueiras. Mas, as teorias sobre esta época são diversas e um pouco confusas, já que os registros oficiais são escassos.
O Halloween que conhecemos hoje, porém, se formou entre 1500 e 1800. As fogueiras se mantiveram populares como um símbolo do rumo a ser seguido pelas almas cristãs no purgatório ou para repelir bruxaria e a peste negra. Já naquela época, as crianças iam de casa em casa cantando rimas ou dizendo orações para as almas dos mortos. Em troca, eles recebiam bolos de boa sorte que representavam o espírito de uma pessoa que havia sido liberada do purgatório.
Se tudo isso tava rolando no Reino Unido, como chegou nos EUA? Bom, em 1845, durante o período conhecido na Irlanda como a Grande Fome, um milhão de pessoas foram forçadas a emigrar para os EUA, levando junto sua história e tradições. Foi lá, na América, que surgiram alguns símbolos que conhecemos e usamos até hoje: a abóbora, a expressão “doces ou travessuras”, pregar peças e usar fantasias. Atualmente, a data é o mais feriado não cristão do país, e já se espalhou para mais de 30 países, incluindo o Brasil.
Com tamanha popularidade, o roteiro macabro de viagens tem ganhado espaço no turismo mundial. Os passeios incluem destinos considerados horripilantes, como edifícios históricos abandonados ou famosos por terem abrigado acontecimentos paranormais ou cruéis ao longo dos séculos, e que reúnem lendas, histórias e programações de arrepiar, e atraem milhares de visitantes todos os anos no mundo todo. Confira alguns deles:
Nova Orleans, EUA
Considerada a cidade mais mal assombrada do mundo, Nova Orleans foi fundada em 1718 por colonizadores franceses e se tornou território norte-americano em 1803, depois de passar, também, pelas mãos dos espanhóis. Com sua localização portuária às margens do Rio Missisippi, a cidade convive diariamente com influências deixadas tanto por seus colonizadores europeus quanto por povos africanos e caribenhos, que deixaram marcas muito fortes na cultura e costumes locais. Marcada por um logo período de escravidão e por uma conhecida permissividade, Nova Orleans une histórias de vodu, espíritos perdidos, lendas sobre vampiros e episódios mórbidos de assassinatos entre suas peculiares atrações turisticas, ja registradas no imaginário coletivo e disponíveis para visitação.
Teatro Amazonas, Brasil
Imponente e cheio de esculturas e obras de arte impressionantes, o magnífico Teatro Amazonas foi construído no final do século 19, em Manaus, durante o chamado Ciclo da Borracha. Naquele período, a região vivia um boom financeiro, atraindo investimentos altíssimos à cidade, mas utilizando, para isso, muita exploração dos trabalhadores locais que, em muitos casos, morriam de estafa e mal nutrição durante a expansão arquitetônica da cidade. Essa seria uma das explicações para as lendas de fantasmas que vagariam pelo edifício, e pelos fenômenos sobrenaturais que ocorreriam pelos corredores do teatro. Alguns funcionários garantem já terem visto diversas aparições e vivenciado episódios inexplicáveis.
Port Arthur, Austrália
Considerado mal assombrado, Port Arthur é um verdadeiro campeão no hall da fama de local macabro na Oceania: o local abrigava um complexo penitenciário durante o século 19 para criminosos extremamente perigosos, que eram submetidos a um tratamento considerado cruel e brutal, que teria deixado não apenas feridas físicas, mas almas perdidas e revoltadas, que estariam vagando por ali, segundo lendas locais, até hoje. A prisão felizmente está desativada, mas seus edifícios em ruínas se encontram abertos para visitas turísticas. Quem quiser esticar a viagem pode dar uma passadinha por outro lugar sinistro: a Ilha dos Mortos, que abriga os túmulos dos prisioneiros que morreram em Port Arthur.
Centro Histórico de Porto Alegre, Brasil
O músico e pesquisador André Neto, do projeto Porto Alegre Mal Assombrada, conduz um tour de duas horas que percorre ruas e becos da capital do Rio Grande do Sul enquanto fala sobre a história e lendas de pelo menos seis pontos considerados mal assombrados pelo caminho. O passeio inclui a passagem por igrejas, casarões, praças, um museu e até mesmo a antiga Rua do Arvoredo, palco do aterrorizante caso real de um açougueiro que fazia linguiça com carne humana – mas não de qualquer tipo: ele somente utilizava como ‘matéria-prima’ a carne de membros da alta sociedade, assassinados.
Mansão da Loira do Banheiro, em SP, Brasil
Lar do Visconde de Guaratinguetá e da sua filha Maria Augusta, que ficou popularmente conhecida como a “Loira do Banheiro”, a mansão abriga hoje a Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves, uma das maiores e mais belas construções arquitetônicas da cidade, localizada no interior de São Paulo.
Foi ali, na imponente e luxuosa casa, com grandes janelas e cercada por grades de metal, que surgiu uma das principais lendas brasileiras: por volta de 1880, o Visconde forçou a filha, na época com 14 anos, a se casar com um homem mais velho e influente da cidade, o Conselheiro Dutra Rodrigues, 21 anos mais velho. Após o casamento, Maria Augusta vendeu suas jóias e fugiu para Paris, e morreu aos 26 anos. No trajeto do corpo da França para o Brasil, ela teria tido o caixão violado, e suas joias roubadas.
Velada em uma das salas do casarão, Maria Augusta teria encontrado a ‘paz eterna’, e por isso sua alma teria se recusado a deixar o local. Relato de aparições de uma dama vagando pelos corredores, um piano que, às vezes, toca sozinho, e até um misterioso incêndio no prédio em 1914 seriam ‘provas’ da permanência do fantasma de Maria Augusta no local.
Castelo de Wolfsegg, Alemanha
O Castelo de Wolfsegg, localizado na região da Bavária, na Alemanha, tem uma história que remonta ao século 13 e deve muito de sua fama a uma história fantasmagórica: reza a lenda que essa construção medieval é habitada por um espírito conhecido como a Dama Branca, uma mulher que teria sido morta por seu marido dentro do castelo após, supostamente, traí-lo. Segundo o site oficial desta atração turística, a Dama Branca “pode às vezes ser vista levitando nas habitações” que existem dentro do edifício.
The Stanley Hotel, EUA
Localizado em Estes Park, no estado norte-americano do Colorado, o Stanley Hotel tem mais de cem anos e inspirou “O Iluminado”, livro escrito por Stephen King e que virou um clássico filme de terror dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Jack Nicholson. O local é famoso por suas próprias lendas assustadoras: acredita-se, por exemplo, que o quarto 217 seja ‘a casa’ de um fantasma que nunca sai dali, e assombra todo o local. Aproveitando-se da fama e da coragem dos visitantes, o The Stanley promove passeios noturnos, que contam com tour por todas as dependências e histórias horripilantes.
The Myrtles Plantation, EUA
Na pequena cidade de St. Francisville, no estado da Louisiana, Estados Unidos, fica a histórica Myrtles Plantation: uma antiga residência rural e plantação de algodão considerada um dos locais mais mal assombrados dos Estados Unidos. Marcada por anos de escravidão pela brutalidade dos senhores de terra em relação aos negros – seus donos teriam, inclusive, lutado na Guerra Civil Americana em posição contrária à abolição – o local seria assombrado por dezenas de almas de escravos em busca de descanso e justiça. Um dos ‘personagens’ mais famosos do local é o fantasma de uma escrava que vivia dentro de casa e teria se tornado a dona sobrenatural do casarão, fazendo aparições frequentes.
E aí, você investiria seu tempo e dinheiro em um desses passeios? Por aqui, a gente é suspeito pra falar, né? Falou em aventura, tamo dentro – não importa qual o tipo. Brincadeiras à parte, vale lembrar que é importante respeitar todo tipo de crença, então bora vestir, além da fantasia, o bom senso também e curtir o Halloween sem se preocupar com quem acha a data “gringa demais” para ser trazida ao Brasil! #IntoTheOutdoors
Fonte: https://gooutside.com.br
https://www.bbc.com
https://viajantecurioso.com.br